O Delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Marcílio Barenco, proferiu, no dia 28 de março de 2009, no templo da Loja Paz e Progresso III N° 1, uma palestra sobre a ética na profissão e suas implicações na vida pessoal. Organizado pelo DeMolay Mario Damasceno, Mestre Conselheiro do Capitulo Ismar Nascimento da Silva, e pelos demais membros , o evento de alto nível foi marcado por ensinamentos profissionais e pessoais.
Falando para um público composto por muitos jovens – já que a palestra era voltada à juventude maçônica – Barenco começou discorrendo sobre a infância humilde, porém, assinalada pelo senso de disciplina, especialmente traduzido na figura do seu pai, militar. Após um breve cronograma, ele chamou a atenção para os desafios diários que precisa vencer, em sua profissão, para não cair na armadilha de não ser ético: “Eu já tive muitas oportunidades de agir com comportamentos não éticos, pois na minha profissão a linha entre a legalidade e a ilegalidade é muito tênue”, assumiu.
Em todos os momentos, o palestrante mostrou cuidado ao tratar de um assunto tão polêmico para a platéia jovem, em fase de definição do caráter: “Muito me preocupa, no mundo de hoje, a predominância do ‘ter’ sobre o ‘ser’. Tive uma educação rígida, baseada em noções como ‘errou, vai ter que pagar com a dor do próprio corpo’. O que pode parecer duro demais, mas foi fundamental para a formação do meu caráter. Hoje vejo a desestrutura do ser humano se refletindo na relação problemática que ele tem com os seus pais, com a nação”, argumentou.
Apesar da palestra de Barenco ter tido uma faceta muito pessoal, as questões profissionais não deixaram de ser evidentes. O delegado ressaltou sua preocupação com a criminalidade em Alagoas, um estado que, em princípio, lhe pareceu o paraíso das águas, e depois foi se desfigurando diante das mazelas sociais: “A falta de ética traz a dificuldade para a segurança pública. Mas o bom profissional deve buscar respostas para perguntas complexas, do tipo: como não se misturar nesse mar de lama? Como ser policial e não ser criminoso?”, indagou.
Segundo ele, é preciso ter comportamentos éticos para não se ‘contaminar’ diante dos ‘atrativos’ da má conduta profissional, principalmente diante de um estado que possui um índice gritante de desigualdade: “A ética está do lado do mal ou do bem, perguntem-se. De nenhum dos lados, ela está ligada às circunstância. Porque, em alguns casos vai parecer mais ético falar a mentira do que a verdade”. Na ocasião, ele usou o exemplo de um homem pobre que foi detido furtando comida e que justificou o fato na fome dos filhos pequenos. Barenco ressaltou que embora saiba que a conduta ética é fazer com que o cidadão em má conduta pague nos rigores da lei, sobra a impressão de que não se pode dizer que há coerência no ato, já que, pessoas mais abastadas cometem crimes maiores e são postas logo em liberdade ou sequer são presas.
Ao tocar no assunto, o delegado lembrou-se das filhas pequenas – de quatro e cinco anos – e da esposa, que precisam viver longe do seu convívio por questões de segurança (o delegado já foi ameaçado de morte várias vezes e, juntamente com a inteligência da Polícia Civil, desbaratou uma quadrilha que planejou seu assassinato).
Apesar do perigo eminente, o homem que precisa andar com seguranças armados em todos os ambientes que freqüenta se disse satisfeito com o cargo que, como qualquer outro, tem suas privações: “O preço da ética profissional, na minha profissão, é uma vida pessoal anulada”, refletiu. E emendou: “Apesar de tudo, ao fim do dia, quando deito a cabeça no travesseiro, consigo ter uma noite de sono tranqüila”.
A rotina profissional do delegado, que também é professor universitário e em cursinho preparatório para concursos, normalmente começa às 7 da manhã e se estende até as 10 da noite: “Dou aula porque gosto, porque sei que o aluno não é meu inimigo”, brincou.
Utilizando palavras do ideal maçônico, Barenco encerrou a palestra falando dos valores humanos, fundamentais para o desenvolvimento social: “A sociedade não tem salvação sem a irmandade e a fraternidade”.
A presença do palestrante também foi considerada pela comunidade maçônica um marco para a administração do Venerável Mestre da Loja Paz e Progresso III N° 1, corpo patrocinador do Capítulo Ismar Nascimento da Silva N° 71, Antonio Carlos Valença.
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Esse meu professor só me dar orgulho!É sorte minha ter ele ministrando uma matéria tão profunda e reflexiva como é constitucional, ele é mesmo uma sumidade.
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